sábado, 22 de outubro de 2011

Meu eterno bebê

Como já havia dito anteriormente, Elias não foi embora sozinho, levou minha casa, móveis recém comprados, mas essas coisas materiais são de menos... Ele levou meus sonhos, minha rotina de acordar, comprar pães fresquinhos na padaria, voltar pra tomar café da manhã, entre muitas outras coisas...

Nós tomamos uma decisão muito importante em nosso casamento, termos um bebê. Não um bebê humano, mas para nós era a nossa bebezinha linda e gostosa, uma bulldog francesa. Foi amor à primeira vista. Como ela era toda pretinha, ficamos quase um mês sem dar um nome para a pobre coitada, a chamávamos de pretinha, filhinha, puruca, enfim... até que chegamos à conclusão de chamá-la de Berry. Não por causa do telefone Black Berry, mas sim, por que ele era apaixonado por Yogo Berry (eu ainda sou) e a filhotinha sempre lambia nosso pote quando acabávamos de tomar.

Berry era nossa paixão... todo o trabalho que eu tinha para educá-la, o Elias tinha para deseducá-la. Coitadinha, ele aprontava com ela... Colocava ela dentro da mochila para passear, deixava ela de castigo em cima do armário porque fez xixi no lugar errado, etc, etc...

E sempre que eu voltava do trabalho, ligava pra ele e dizia... "Elias, nada de colocar a Berry na cama heim!!" Pois bem, eu chegava em casa, abria a porta do quarto e os dois dormiam o mais sono profundo, Elias no lugar dele na cama, e Berry no meu lugar da cama toda encostadinha nele... Quando ela me via, eu fazia aquela cara de mau, e ela levantava as orelhinhas, como quem diz: "Mãe, eu sei que não deveria estar na sua cama, mas a culpa é do meu pai". Quem disse que eu conseguia tirar ela de lá?? Dormíamos os três juntos.

Elias me ajudava muito nos cuidados com a Berry... eu ficava com a parte ruim (xixi e cocô) e ele como tinha muito mais tempo do que eu (pois eu já trabalhava com eventos) passeava com ela sempre... Aliás, morar na zona sul, qualquer descida pra ir na farmácia, mercado, padaria, ou até mesmo jantar, era motivo para passearmos com a Berry.

Acontece que eu tive que sair do meu apartamento da Zona Sul que tinha 160m2 (tinha bastante espaço pra ela) e me mudei para jacarepaguá para um apartamento muito menor, onde para fazer qualquer coisa, necessitamos de um carro. Isso dificultou muito os passeios com a Berry.

Minha filhota começou  sofrer as consequências da perda do pai e da minha falta de atenção. Afinal, eu saia no fim de semana para trabalhar as 09:00h da manhã e voltava às 03:00h do outro dia... ou seja, ela ficava sozinha.

Um outro agravante, eu não conseguia ficar em casa... a espera pelo marido que não ia chegar me sufocava, me angustiava, me trazia muito sofrimento, então eu saía muito, para ocupar meu tempo... e Berry sozinha em casa.

Ela começou a ter problemas de pele por causa do stress de ficar sozinha, por mais que eu passeasse com ela quando tinha tempo.

Eu saía de casa para ir ao cinema e ficava triste pensando dela sozinha em casa... Acho que o sofrimento era muito maior em mim do que nela.

Foi aí que tomei umas das decisões mais corajosas da minha vida e considero a maior prova de amor quem alguém pode ter... Eu proporcionei uma vida feliz para minha filhota. Eu estudei muito sobre a adaptação de um cão em um novo lar e descobri que ela ia se adaptar rapidamente e seria feliz.

Até que então eu conheci um anjo, seu nome é Rebeca, ela tem o mesmo amor pelos animais que eu. Ela tem uma labradora na sua casa, gatos, râmster´s, etc... e queria muito uma bulldog francesa. Foi aí que por intermédio de uma outra amiga, fomos apresentadas. E Rebeca se apaixonou por Berry imediatamente. Além de Rebeca morar em uma casa bem grande, ela tem outros animais e 03 crianças lindas loucas para brincar o dia todo com a Berry.

Jesus... acho que essa foi a decisão mais difícil que tomei em toda a minha vida, como eu chorei... Dar o meu bebê. Eu poderia ser egoísta, e deixar ela trancada dentro do meu apartamento sozinha, triste, e usufruir da alegria dela nas pouquíssimas horas que ficava em casa. Mas escolhi outro caminho pra ela. Só de saber que ela poderia correr à vontade, brincar com as crianças todos os dias quando chegassem da escola e ter a cia de uma outra  cadela... consegui deixar meu egoísmo de lado e pensei na felicidade dela. Eu sabia que ela ia amar a nova dona como me amou um dia... é assim que funciona com os cães.

E hoje o motivo do meu post é a minha Berry, minha filhota...que eu continuo amando muito e ainda choro muito de saudades. Se ela entendesse o português eu tentaria dizer pra ela todos esses motivos, mas acho que ela entendeu do modo dela, pois quando a fui visitar um dia desses, ela não largou um segundo sequer a nova dona. Eu saí de lá destruída, acabada, chorei uma semana todos os dias, mas ao mesmo tempo tive a consciência de que alcancei meu objetivo, que ela fosse feliz com a nova dona. E a nova dona é tão apaixonada pelos seus animais que levou Berry e a Labradora (Moca) para um ensaio em um Studio Fotográfico.



Vejam como ela é linda e está feliz com a nova amiga dela.

Eu ainda a amo muito... muito muito muito...

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